R.A.P.
Rapressão, assim mesmo com "a", disco compacto lançado em 2012 inclui
um conjunto das mais inovadoras, radicais e certeiras canções de intervenção portuguesas
dos últimos 30 anos.
R.A.P. começa por descrever a vida dura das
periferias de Lisboa, explicar a criminalidade.
Retrato à periferia
Racismo angústia pobreza
Ruas armazenam perigos
Refugiam almas presas
Roubos assaltos pacotes
Redistribuem algum pão
Reanimam aquele povo
Remetido à privação
Rendimentos aqui poucos
Restam actos proibidos
Regras atropelam-se pisam-se
Rusgas actos punidos
A sociedade em que alguns acumulam riqueza
enquanto os outros são remetidos à pobreza é criticada.
República acumula poder
Reproduz a privatização
Retém altos privilégios
Recorre à precarização
Reforçam agentes policiais
Recuam avanços produzidos
Regresso ao passado
Regime autoritário PIDE
Depois apela ao protesto e à luta.
Reclama a propriedade
Rico acumula priva
Resposta acção protesto
Renega atitude passiva
No final critica os rappers que se deixam
deslumbrar pelo êxito e abandonam a causa da sua comunidade.
Rappers antes politizavam
Rappers agora publicitam
Rappers antes protestavam
Rappers agora parasitam
Chullage é um dos mais originais rappers
portugueses. A sua infância pobre e difícil, o racismo que molda o sistema laboral
e educativo português, a discriminação cultural e social contra os
afro-portugueses, moldaram a sua música que assume claramente uma postura
revolucionária.