A Cantiga é uma Arma
Esta canção de José Mário Branco que a cantou
com o GAC - Vozes na Luta pode ser justamente considerada como o manifesto dos cantores de
intervenção da Revolução dos Cravos. Ela contém todo um programa artístico de
largo fôlego, nunca completamente realizado e completamente atual.
Começa
por constatar várias formas de estar na música popular
há cante por interesse
há quem cante por cantar
há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
para não perder o lugar
há quem cante por cantar
há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
para não perder o lugar
e
por se colocar longe de outros géneros musicais
O faduncho choradinho
de tabernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções
de tabernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções
faz
depois uma opção ideológica e política clara
a cantiga é uma arma·
(contra quem?)
Contra a burguesia
Contra a burguesia
e
por último especifica os requisitos para que seja eficaz
Se tu cantas a reboque
não vale a pena cantar
se vais à frente demais
bem te podes engasgar
a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar
não vale a pena cantar
se vais à frente demais
bem te podes engasgar
a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar
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