terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

R.A.P.



R.A.P.

Rapressão, assim mesmo com "a", disco compacto lançado em 2012 inclui um conjunto das mais inovadoras, radicais e certeiras canções de intervenção portuguesas dos últimos 30 anos.

R.A.P. começa por descrever a vida dura das periferias de Lisboa, explicar a criminalidade.
Retrato à periferia
Racismo angústia pobreza
Ruas armazenam perigos
Refugiam almas presas

Roubos assaltos pacotes
Redistribuem algum pão
Reanimam aquele povo
Remetido à privação

Rendimentos aqui poucos
Restam actos proibidos
Regras atropelam-se pisam-se
Rusgas actos punidos

A sociedade em que alguns acumulam riqueza enquanto os outros são remetidos à pobreza é criticada.
República acumula poder
Reproduz a privatização
Retém altos privilégios
Recorre à precarização

Reforçam agentes policiais
Recuam avanços produzidos
Regresso ao passado
Regime autoritário PIDE

Depois apela ao protesto e à luta.

Reclama a propriedade
Rico acumula priva
Resposta acção protesto
Renega atitude passiva

No final critica os rappers que se deixam deslumbrar pelo êxito e abandonam a causa da sua comunidade.
Rappers antes politizavam
Rappers agora publicitam
Rappers antes protestavam
Rappers agora parasitam

Chullage é um dos mais originais rappers portugueses. A sua infância pobre e difícil, o racismo que molda o sistema laboral e educativo português, a discriminação cultural e social contra os afro-portugueses, moldaram a sua música que assume claramente uma postura revolucionária.

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